em direção a um ciclo virtuoso de conservação ambiental e crescimento econômico
Em 2015, os países-membros das Nações Unidas aprovaram os “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, intensificando o empenho da comunidade internacional na garantia da sustentabilidade. Nos últimos anos, uma sensação de alerta vem sendo compartilhada nos bastidores, especialmente em relação às áreas de mudanças climáticas,florestas, pesca, lixo plástico nos oceanos e agricultura. Recentemente devido ao impacto da COVID-19, essas atividades foram adiadas, porém, as suas necessidades são reconhecidas de forma mais clara.
Apenas a proteção ambiental garante o desenvolvimento sustentável, e para alcança-lo, é necessário sacrificar o crescimento econômico? Creio que não. Não temos que escolher entre um ou outro, pois ambos são conciliáveis, aliás, é mister conciliá-los. Ao trabalhar com a preservação do meio ambiente, é possível inovar e atrair investimentos ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) que levarão ao crescimento econômico. Além disso, o desenvolvimento econômico possibilita a asseguração de recursos para a conservação ambiental e fortalecimento dos esforços investidos. A chave para tanto é realizar um ciclo virtuoso de ambos.
Os esforços para garantir a sustentabilidade se espalharam para o mundo dos negócios na forma de investimentos ESG e da economia verde. Esses empenhos não se limitam mais a RSC (responsabilidade social corporativa), mas são vistos pelas empresas como questões de julgamento empresarial e gestão de riscos, e estão diretamente ligados aos lucros do negócio.
O Japão está trabalhando junto aos setores público e privado para garantir a sustentabilidade sob a ideia de alcançar a proteção ambiental e o crescimento econômico ao mesmo tempo. Quero apresentar abaixo duas atividades específicas que abordam essas questões emergenciais.
A primeira é a atividade em relação às mudanças climáticas. A comunidade internacional empenha-se em conjunto por medidas para conter as mudanças climáticas, baseando-se no “Acordo de Paris” aprovado em 2015 pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP21) e na Meta Universal deste Acordo. A fim de contribuir para o cumprimento das metas deste acordo, o primeiro-ministro do Japão, SUGA Yoshihide, anunciou em 26 de outubro deste ano, que o Japão irá zerar as emissões de gases de efeito estufa como um todo até 2050, ou seja, pôs como objetivo alcançar uma sociedade neutra em carbono e descarbonizada até 2050. Como exemplo de medidas concretas, primeiramente temos inovações oriundas do mundo dos negócios. Por exemplo, os setores público e privado estão trabalhando juntos na descarbonização por meio da recuperação, estocagem e utilização de dióxido de carbono; e maior utilização de hidrogênio, energias renováveis (eólica, solar, hidráulica, etc.) e baterias de armazenamento. Além disso, com o objetivo de estimular o investimento nessas inovações, estamos construindo um mecanismo de circulação dos recursos de descabornização para as empresas que atuam nesse ramo. Dessa forma, buscamos implementar um ciclo virtuoso entre a conservação ambiental e o crescimento econômico, ao mesmo tempo em que implementamos contramedidas às mudanças climáticas.
Na arena internacional, Japão e Brasil co-presidem o “Encontro Informal sobre ‘Mais Ações Contra as Mudanças Climáticas’” realizado anualmente em Tóquio desde 2002. Este encontro é valorizado como uma oportunidade preciosa de refletir sobre os resultados da COP do ano anterior e buscar um caminho para as negociações do ano seguinte. Por meio desses esforços, continuaremos liderando a comunidade internacional junto ao Brasil na resposta às questões das mudanças climáticas.
A segunda atividade é em relação ao problema do lixo plástico nos oceanos. Estudos preveem que, até 2050, o peso desse tipo de resíduo que flui para os oceanos excederá o peso dos peixes. O plástico tem impacto negativo no ecossistema marinho, bem como nas indústrias da pesca e do turismo. Além disso, apontou-se a possibilidade de afetar adversamente a saúde dos seres humanos que ingerem frutos do mar contaminados com microplástico.
Em 2019, durante a Cúpula do G20 presidida pelo Japão em Osaka, os países do G20 lançaram a “Visão do Oceano Azul de Osaka” sobre medidas contra o lixo plástico nos oceanos. Seu objetivo é reduzir a poluição adicional desses resíduos a zero até 2050 e o G20 apelou à comunidade internacional para apoiar essa visão.
Para concretizar essas iniciativas, o Japão empenha-se por inovações como gerenciamento adequado dos resíduos, coleta de lixo no oceano e criação de materiais alternativos. Existem novas oportunidades de negócios em, especificamente, plásticos biodegradáveis que são decompostos pela ação de microrganismos no mar e a inovação relacionada à tecnologia “3R (Reutilizar, Reduzir e Reciclar)” para reduzir a quantidade de plástico utilizado. Esses são bons exemplos de como podemos contribuir para resolução dos problemas ambientais e, ao mesmo tempo, conduzir ao crescimento econômico.
No cenário internacional, o governo do Japão lançou a “Iniciativa MARINE” para promover apoio aos países emergentes em medidas contra o lixo plástico nos oceanos, como a capacitação de recursos humanos na gestão de resíduos. Ademais, o governo do Brasil também dedica-se às contramedidas de acordo com o “Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar” lançado em 2019. Gostaríamos que o Japão e o Brasil trabalhassem de mão dados na realização da “Visão do Oceano Azul de Osaka”. Dessa forma, garantir a sustentabilidade é uma questão em comum para a comunidade internacional, e lidar com isso é uma oportunidade de alcançar simultaneamente a preservação ambiental e o crescimento econômico. Gostaríamos de continuar cooperando com o Brasil, nosso parceiro estratégico global, para enfrentar esse desafio.
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