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O potencial econômico para um futuro promissor

Atualizado: 18 de set. de 2020







O meio ambiente está no centro da economia e da cultura norueguesa. A Noruega está naturalmente fundada à beira do oceano e pode-se dizer que o país é alimentado pela natureza. Nossa costa é uma das mais longas do mundo, sendo que nossas áreas marinhas são cinco vezes maiores que nossas áreas de terra. O país é um dos principais produtores de petróleo e gás, uma potência na navegação e o segundo maior exportador de peixes e frutos do mar no mundo. Todos os dias, centenas de milhares de noruegueses vão trabalhar nas indústrias oceânicas, que representam cerca de 70% dos ganhos de exportação da nação.


Os oceanos moldaram a história norueguesa. Durante séculos, gerações de noruegueses viveram dos ricos estoques pesqueiros ao longo da costa do país. À medida que o conhecimento do oceano se expandia e as ferramentas se aprimoravam, a capacidade de pesca e de captura aumentavam. Na década de 1970, o colapso do estoque de arenque atlântico- -escandinavo (arenque norueguês que desova na primavera) levou a uma profunda mudança na gestão da pesca no país. As mudanças políticas raramente são lineares, e este caso não foi uma exceção. A Noruega levou décadas para desenvolver uma política coerente de gestão da pesca. Nesse período, outros estoques pesqueiros também se tornaram críticos devido à pesca excessiva, como ocorreu com o bacalhau do Ártico do Nordeste na década de 1990. Entretanto, os eventos que levaram ao desenvolvimento gradual e pioneiro de um plano de gerenciamento integrado de oceanos e ecossistemas da Noruega ensinaram lições importantes.

A principal é que devemos proteger o meio ambiente para garantir nosso futuro.


Entendemos que as ameaças à saúde do oceano – mudança climática, lixo e poluição marinha, perda de habitats e biodiversidade – também são ameaças para nossas economias e sociedade. Aprendemos que o cultivo dos mares não pode reduzir seu valor e que políticas ambientalmente responsáveis induzem inovação e desenvolvimento econômico.





O mesmo pode ser dito sobre o gerenciamento de recursos em geral, e nossas realizações inspiraram um crescente envolvimento internacional. Na década de 1980, Gro Harlem Brundtland, então líder do Partido dos Trabalhadores norueguês, foi convidada pelo Secretário-Geral das Nações Unidas para estabelecer e presidir a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. O mandato da Comissão era formular “uma agenda global para mudança”. Brundtland causou um impacto extraordinário ao desenvolver o amplo conceito de desenvolvimento sustentável por meio de consultas públicas inclusivas. O relatório da Comissão “Nosso Futuro Comum” foi apresentado em 1987, quando Brundtland era Primeira Ministra. Muitas vezes referido como Relatório Brundtland, em reconhecimento ao seu papel de liderança, as recomendações da Comissão levaram à Cúpula da Terra - Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro em 1992, e enquadram o debate internacional desde então.


Mais de trinta anos depois, as mensagens da Comissão Brundtland continuam a ressoar. A noção de desenvolvimento sustentável como o desafio de atender às necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade de prosperar das gerações futuras continua sendo a base da cooperação internacional. Essa ideia básica também alimenta nossa agenda de resultados em parceria com o Brasil, com base nas conquistas do país na redução do desmatamento ao mesmo passo em que expande a variedade de sua produção agrícola. Estamos orgulhosos de nossa pequena contribuição na conservação de um milhão de km2 da Floresta Amazônica no Brasil, por meio do fortalecimento da aplicação da lei, da promoção de negócios sustentáveis e do apoio ao monitoramento e à pesquisa florestal.


O relatório Brundtland provou ser não apenas atemporal, mas também inequívoco. Existe um consenso de que nosso objetivo como comunidade global deve ser buscar o desenvolvimento sustentável. Podemos discordar sobre o caminho para alcançar esse objetivo, mas, como aprendemos com o setor pesqueiro norueguês na década de 1970 e outros países com suas próprias experiências de esgotamento de recursos, qualquer modelo de desenvolvimento que não seja sustentável carrega a semente para sua destruição.


O mundo mudou consideravelmente nos últimos 30 anos. O conhecimento científico se expandiu muito e nos deu uma ampla compreensão das ameaças ambientais que enfrentamos globalmente. A inovação está impulsionando tecnologias verdes e azuis promissoras. Importantes desenvolvimentos políticos foram alcançados, tanto nacional quanto internacionalmente, principalmente os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e o Acordo de Paris. De maneira progressiva, o setor financeiro está sendo remodelado pelas mudanças climáticas e pelo entendimento de que devemos ser orientados para o futuro – e a maneira de fazer isso é sendo sustentável. Tivemos um progresso notável desde a década de 1980, mas uma das razões pelas quais as mensagens do Relatório Brundtland ainda são novas é que ainda não respondemos totalmente ao seu chamado para ação.




O conceito de desenvolvimento sustentável é mais importante do que nunca, quando embarcamos na recuperação pós-COVID-19. A pandemia foi um lembrete vívido de como nossa saúde e a saúde do meio ambiente estão interconectadas. A natureza deve ser uma peça central em nossa recuperação desta crise.



À medida que reconstruímos nossas economias, temos a oportunidade de trabalharmos juntos para transformá-la em uma economia sustentável e resiliente. À medida que continuamos a aprender com nossas próprias experiências, descobrimos que o caminho para a sustentabilidade não é direto. A Noruega desenvolveu políticas que foram bem-sucedidas, mas também políticas que falharam.


O que mais importa é continuar tentando e se adaptando. Continuaremos tentando, aprendendo com o nosso passado e com o conhecimento científico disponível hoje. Não há outro caminho. Não podemos deixar passar a oportunidade de nos “reconstruir melhor”.


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